Nenhum lugar desaparece (videoinstalação, 17', 2021)
Trabalho desenvolvido no âmbito da residência artística do Programa Residir (Porto/PT, 2021).
O trabalho dá continuidade à investigação desenvolvida desde 2017 a partir do terreno do antigo Bairro de São Vicente de Paulo, em torno de questões que cruzam as ideias de lugar, vazio, memória, resistência e destruição. “Nenhum lugar desaparece” é uma videoinstalação composta por três telas e escombros, que foi
apresentada na exposição final do Residir, programa de residências artísticas acolhido pelo MIRA FORUM no verão de 2021. 
Construído a partir de conversas com duas gerações de antigas moradoras do Bairro de S. Vicente de Paulo e da recolha de arquivos oficiais e familiares do passado e do futuro, o trabalho busca desvelar as narrativas pessoais de deslocalização por trás dos processos de transformação urbana.
"Nenhum lugar desaparece é uma videoinstalação que contém três vídeos construídos a partir de imagens atuais e de arquivo do antigo bairro São Vicente de Paulo. Dois dos vídeos têm como eixo uma série de conversas realizadas com quatro mulheres, no primeiro, com Ana Santos e Isabel Vieira e, no segundo, com Fátima Cavalheiro e Manuela Ferreira, antigas moradoras do Bairro S.V.P. de diferentes idades e gerações de moradores. 
Nestes vídeos, as mulheres contam as suas memórias do bairro, tentam recompor a espacialidade do lugar, falam sobre o processo de demolição e sobre o desejo de regressar. As conversas são acompanhadas por imagens de arquivo, fotografias e vídeos disponibilizados pelas ex-moradoras e recolhidos em arquivos públicos, e imagens do terreno no momento atual, que buscam no lugar os vestígios do bairro e deixam à vista as perceptíveis transformações do espaço. O terceiro vídeo, sem som, coloca em confronto dois excertos de vídeo, um vídeo de arquivo de moradores a lançarem um balão de São João por entre as casas térreas do bairro, e um vídeo promocional do novo projecto municipal para aquele lugar que mostra um conjunto de torres colossais a levitar. Nesse confronto, com um leve tom de humor sério, a artista coloca lado a lado esperança e sordidez, servindo de provocação às políticas públicas de habitação que destroçam comunidades. 
Tendo anteriormente feito vários trabalhos sobre o antigo bairro S.V.P, inclusive no âmbito do seu mestrado em Arte e Espaço Público, na FBAUP, a artista abraça a residência num momento em que se gera um movimento espontâneo de ex-moradores que reclama o direito de voltar ao bairro".
Texto de João Melo, coordenador do programa Residir.
FICHA TÉCNICA DOS VÍDEOS
VozesAna Santos, Isabel Vieira, Fátima Cavalheiro e Manuela Ferreira
Direção, montagem e fotografiaFlora Paim
Montagem assistente e finalizaçãoLis Paim
Edição de somFlora Paim, Lis Paim e Pedro Emílio Sá
MixagemPedro Emílio Sá
 
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