A terra sob o asfalto
terrenos vagos, resistência e entropia 
Flora Paim
Dissertação apresentada no âmbito do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2016-2018) sob orientação da Profª Dra. Ana Bigotte Vieira e de Joana Braga.
A investigação teve como objeto os terrenos vagos como uma categoria espacial na cidade contemporânea. Sua motivação principal nasce da inquietação a respeito dos mecanismos de controle e regulação social ativos na produção do espaço urbano e no interesse por lugares e práticas que acabam por subverter, ainda que acidentalmente, as tentativas de normatização e controle. A partir do cruzamento entre abordagens teóricas, a prática da escrita e experiências artísticas inspiradas pelo contato direto com esses espaços na cidade do Porto, pretende-se problematizar a sua presença no tecido urbano, encarando-os tanto como espaços de abertura e disponibilidade quanto como resíduos dos processos de estruturação do território e necessários testemunhos dos modelos de urbanização vigentes nas cidades contemporâneas.
A partir do mapeamento de um conjunto de exemplares na zona da freguesia de Campanhã, no Porto, escolheu-se um terreno vago específico para investigação artística. Neste localizava-se um dos bairros sociais mais antigos do Porto, o São Vicente de Paulo. A partir da vivência deste espaço e da investigação do seu processo de ocupação, busca-se perceber as dinâmicas ativas no terreno, as tensões que este estabelece com o entorno e os movimentos que conduziram ao seu atual estado expectante. A leitura crítica do terreno alimenta a prática artística associada a este trabalho, que parte de um pensamento situado que se nutre das memórias e características do lugar para a realização de projetos e ações de intervenção no espaço.
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