capítulo publicado no livro Vegetação Inquieta - Registos improváveis entre paisagem, arte, arquitectura e ruína editado por Miguel Costa (CEAA-ESAP) e publicado pelo Centro de Estudos Arnaldo Araújo da Escola Superior Artística do Porto, 2024.
Resumo: Neste texto apresento uma série de observações acionadas pela pesquisa de campo, entre janeiro e junho de
2024, num descampado urbano localizado no Bairro do Rego em Lisboa. Parti de notas de campo escritas durante a pesquisa, as quais deram igualmente origem à audiocaminhada Marginalia Vegetal, apresentada em junho de 2024, cujo trajeto se desenvolvia pela zona mais ampla de Santos ao Rego, incluindo o referido descampado. O termo ‘marginalia‘ refere-se às anotações rabiscadas pelo leitor nas margens das páginas de um livro. Por meio de notas e desenhos, cria-se um texto paralelo ao original e em diálogo estreito com este. A caminhada foi guiada por um conjunto de observações feitas às margens dos lugares visitados. Teve como fio condutor a presença do vegetal, seus diferentes modos de existência e cultivo na cidade, assim como as histórias que germinam entre pessoas e plantas. As notas de campo focam na observação corporificada do espaço e dos usos que dele fazem os moradores da vizinhança. Dediquei
especial atenção a uma horta urbana, localizada num terreno privado, cedido temporariamente para o uso
coletivo de um grupo de vizinhos. A partir desta experiência, especulo sobre a presença dos descampados, ou baldios, em contexto urbano, e possíveis alternativas de uso enquanto estes espaços se encontram em compasso de espera. São examinadas as tensões em torno do termo ‘baldio,’ as suas múltiplas significações e possíveis interpretações em contexto urbano. Por fim, ressalto os ecossistemas ruderais e as apropriações informais que têm lugar nos descampados urbanos apesar de sua aparente desordem ou suposta inatividade. Entendidos aqui como espaços de desaprendizagem, os descampados desafiam as noções comuns sobre o que é paisagem, o que seria natural ou artificial, urbano ou rural e convidam a admitir outros modelos de fruição do tempo e do espaço na cidade. [Flora Paim]
2024, num descampado urbano localizado no Bairro do Rego em Lisboa. Parti de notas de campo escritas durante a pesquisa, as quais deram igualmente origem à audiocaminhada Marginalia Vegetal, apresentada em junho de 2024, cujo trajeto se desenvolvia pela zona mais ampla de Santos ao Rego, incluindo o referido descampado. O termo ‘marginalia‘ refere-se às anotações rabiscadas pelo leitor nas margens das páginas de um livro. Por meio de notas e desenhos, cria-se um texto paralelo ao original e em diálogo estreito com este. A caminhada foi guiada por um conjunto de observações feitas às margens dos lugares visitados. Teve como fio condutor a presença do vegetal, seus diferentes modos de existência e cultivo na cidade, assim como as histórias que germinam entre pessoas e plantas. As notas de campo focam na observação corporificada do espaço e dos usos que dele fazem os moradores da vizinhança. Dediquei
especial atenção a uma horta urbana, localizada num terreno privado, cedido temporariamente para o uso
coletivo de um grupo de vizinhos. A partir desta experiência, especulo sobre a presença dos descampados, ou baldios, em contexto urbano, e possíveis alternativas de uso enquanto estes espaços se encontram em compasso de espera. São examinadas as tensões em torno do termo ‘baldio,’ as suas múltiplas significações e possíveis interpretações em contexto urbano. Por fim, ressalto os ecossistemas ruderais e as apropriações informais que têm lugar nos descampados urbanos apesar de sua aparente desordem ou suposta inatividade. Entendidos aqui como espaços de desaprendizagem, os descampados desafiam as noções comuns sobre o que é paisagem, o que seria natural ou artificial, urbano ou rural e convidam a admitir outros modelos de fruição do tempo e do espaço na cidade. [Flora Paim]
Palavras-chave: baldio, ruderal, escombros, hortas urbanas, pesquisa de campo.
DOI: -
